30.8.07

DEVANEIO

A arte, boa em si mesma,
Elevou sua beleza.
A náusea que precede esta catarse se esvai.
Permanece essa solidão querida
Tragando o mundo para dentro de mim.
Há luz e objetos a minha volta.
Também há tigres selvagens e borboletas coloridas,
Bem menos perigosos e mais atraentes que os
Transeuntes da calçada.
Os livros na estante, mutantes que são,
Agora são árvores e juntos, selva misteriosa.
O cachimbo vela o tabaco que queima
Oferecendo aos espíritos do mato
Um agradável aroma de pêssegos verdes.
O que era um vidro sobre a mesa,
Reflete agora em águas calmas,
O sol e o vôo dos pássaros.
Olho e não vejo meu reflexo
Porque não sou Narciso.
Sou pássaro também.
Mas como o céu parece distante hoje!

Nenhum comentário: