28.7.13

Caçada


Hoje sai de mansinho pra caçar passarinho.
Pedra e bodoque na mão.
No coração, um punhado de esperança.
Como no tempo de criança,
Passar o final de semana no meio do mato.
Comer bergamota, atirar pedra em vespeiro,
Só pra ter o porquê correr.
Sai assobiando, com galochas de borracha.
Ir para um lugar onde ninguém me acha.
Roubar melancia da lavoura da própria tia.
Depois, bem devagarinho, assustar os gatos do vizinho.
No final da tarde de domingo, ouvir um grito vindo lá de baixo do monte:
- "Vem pra ‘caaassaaa meniiino’. É hora de tirar o ‘leeiiite’ ."
Gritava minha mãezinha.
Descia correndo, igual cabrito.
É um dever atender, da mãe o grito.
Rola pedra.
Pega espinho.
Igual gata-cega desviando o caminho.
- "Pegou muitos?" Perguntou a mãezinha;
- "Já fiz a polenta."
- "Peguei nada, mãe, hoje é só polenta que tem.
Deixei-os voando, vou caçá-los semana que vem. "

Nenhum comentário: