28.7.13

Traça estranha

Segurava, de vinho cheia a taça, quando olhou os livros e viu correr uma traça. Levantou-se, estupefato, e súbito gritou:
- "Mas que sem graça. Desgraçada ainda te mato."
Que absurdo estupendo. Era efeito de muito vinho ou a traça ridícula estava mesmo lendo?
Coisa estranha, a imaginação tamanha que produz a embriagues. Quem é feio, olha-se bonito no espelho. Quem é pobre pensa que é burguês. Quem é chato, defende que isso não é fato.
Divagação tamanha, observar a lareira. Queima sonhos, queima, ar, queima lenha. De muitas coisas, existe uma que sempre é bonita: alma que grita.
Guarda o livro. Assopra o vento. Vai o frio, volta o pensamento.
- "Não acredito." Suspirou o maldito;
- "Isso já é façanha. A dona traça, assustou a arranha."
Guardava, de vinho vazia a taça, quando olhou a alma e perdeu a graça.

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