8.3.14

Alquimia



Ele era do tamanho do infinito
Dividido em dois.
De um lado tinha tanto amor
Nenhum sonho era impossível.
Do outro lado, mármore envelhecido.
Um dia saiu de casa e
Esqueceu uma das suas metades.
Se desmanchou em prantos.
Arrastando-se sobre uma das asas
Ainda não quebrada,
Encontrou abrigo entre duas rochas.
Agora já não era metade nem inteiro.
Derradeiro, era chuva molhando a pedra.
Ardência pura.
Cadência de voos de coruja no escuro.
Raios de sol rasgaram a nuvem
Quebravam-se no muro.
A outra metade sequer se moveu.
Ficou lá.
A única que sempre foi vista por todos.
Por isso mesmo até hoje ninguém sabe
Que a outra metade também viveu.
Vivia escondida do outro lado da rocha.
Descobriu, tarde demais pra remissão,
Que havia petrificado a metade coração.

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