8.3.14

Despedida



É preciso ir além.
Rasgar-se ao meio,
Qual Andrógino grego.
É preciso precisar.
Ultrapassar além do tejo.
Uma casa pequenina,
Na histórica Colônia.
Um banho de mar
em aguas cristalinas.
Jardins da Babilônia.
É preciso transgredir.
Para chegar,
É preciso partir.
Consegues abandonar o teu porto?
Tens coragem de abrir velas e afastar-se,
Talvez até nunca mais?
É preciso partir.
Longes mares te aguardam.
Tempestades espreitam teu caminho.
É preciso abandonar o ninho outra vez.
Rasga-te mil vezes.
Rompe os grilhões que te acorrentam.
Torna-te um desses poucos que inventam.
É preciso sair do meio dos muitos.
Enxerga aquilo que os outros não vêm?
Traz em tua alma os pesados trilhos de um trem?
Abandona a estação antes que a ferrugem
Também devore o que te faz de ferro.
Acorda o pássaro adormecido.
Ergue teus sonhos já caídos.
Por que te deixou congelar?
Vai. Vai correndo. Vai de uma vez.
Vai porque preciso ir.
No caminho dar-te-ás um jeito de costurar.
Se não quiserem ir contigo,
Vai sozinho mesmo, como sempre foi.
O que não te acompanha não te merece.
Precisas de tão pouco para ser o que é.
É preciso partir.
Toma teu rumo.
Não volte atrás.
É preciso ir.
O que não foi já passou.
O que passou, não volta mais.
Pra onde vai?
Não pergunte, apenas caminha.
Na estrada aprenderás a ler o mapa
Escrito dentro de ti.
Mas o que ainda faz aqui?
Vai logo antes que seja tarde.
Veja, já cai o sol no horizonte.
Agora é uma boa hora de partir.

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