8.3.14

Escola



Está decidido. Escolho morrer de úlcera nervosa. Todos escolhem, mesmo que inconscientemente, a forma de morrer. A maioria sempre escolhe morrer de forma inconsciente. Infelizmente são muitos os que também inconscientes vivem.
Ao tomar consciência entrei em crise existencial. Um devaneio alucinado para dentro do desconhecido eu ao qual nunca fui apresentado. Na verdade, a morte foi uma pauta imposta que tive que incluir no planejamento d volta. Caminhos sem sentido, abertos a marteladas por aqueles que julgam saber os motivos e o exato destino.
Começaram, então, com a teimosia reflexiva. Crises nervosas coroem o estômago. Pior efeito, somente o uísque barato que engulo na solidão noturna.
O homem discute a humanidade do alto da tribuna da razão. Economia, política, saúde, arte, educação. Tantos zumbidos repetidos em tons e semitons variados e desafinados. Taquicardia. Ataque de nervos no coração.
“- Vamos criar uma escola!” Grita o profeta na multidão.
“- Vamos!” responde a massa esperançosa prenunciando a enganação.
Inconsciente coletivo. Todos mãos à obra, construindo a máquina da salvação.
O problema surge no dilema:
“- O que ensinar nesse processo paranoico de industrialização?”
Marcham todos e o púlpito do saber é ininterruptamente requisitado. Colóquios, seminários, aulas, pesquisa metafísicas, escrita, palavra dita. Tudo para dizer o já escutado. E a máquina funciona. E o processo tá falho.
Saem dali diabinhos medonhos e anjos fraturados.
Não aguento mais. Já estou dilacerado de vergonha e raiva. Muita coisa enganosa.
Internado, já fui diagnosticado pela mater sapiência:
“-Decretado pela ciência, vai morrer de úlcera nervosa.”

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