14.5.08

LÁGRIMAS DE OUTONO




Lágrimas de outono

Para onde foram as lágrimas perdidas naquele outono? Teriam se confundido com um dia chuvoso ou secaram ainda na face pelo vento norte que rasgava folhas nas árvores do pátio? Essa solidão que me é solidária carrega meus versos e rega o gramado ao amanhecer. Queria ter nascido da terra e ser fonte de vida. É bonito ver as plantas brotarem desse ventre oculto que germina, indistintamente, o lírio do campo e a erva daninha. Queria ter caído do céu. Mamãe dizia que os anjos moram lá. Se eu viesse daquele azul mágico, só poderia se anjo também.
Queria mesmo era ser tantas coisas mas sou tantas outras que nem sei. Vocês compreendem o que é viver em constante erupção? Queima-se por dentro e chega o momento em que se abre uma cratera enorme. Desta, correm lágrimas que ferrem que marcam e que se solidificam logo ali a frente, para sempre serem lembradas. Tudo é um grito lancinante que se imortaliza em outonos constantes.


Sidinei Cruz Sobrinho

Passo Fundo 13 de maio de 2008

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