3.11.08

ENCONTRO E PERDIÇÃO

O ser humano é um ser que se perde no encontro. O ato de se encontrar é sempre um ato de estranheza e perdição. A estranheza se dá porque o "Outro" é inacessível, portanto, sempre estranho ao meu "Eu" que causa e é causado no encontro.
Perdição é o ato de desconhecer a si mesmo no encontro que é sempre diferente. Quer dizer, o encontro é imprevisível e sempre muda os que se encontram. A mudança é imperceptível em curto prazo.
A chuva se encontra com a semente e se perde no seio da terra que acolhe a própria semente. A semente se encontra com o sol e quando reencontra a chuva já é broto. Nos encontros e desencontros a semente se perde a si mesma e se estranha quando chove e o espelho de água formado ao seu pé revela a flor que ainda se imaginava semente e que se perdeu em si porque não percebeu a passiva mudança nos seus encontros.
Quando percebo o que mudou, já perdi aquilo que eu era. Nesse momento se dá a autoconsciência, que é o encontro comigo mesmo em tudo aquilo que fui, sou e poderei ser. O futuro é contingente. Apenas possível para encontros que fazem me perder do presente e morrer no passado. O ser humano sempre se encontra e se perde apenas e tão somente em si mesmo. Eis o dilema da existência.

Sidinei Cruz Sobrinho
Guaporé, 31 de outubro de 2008

Um comentário:

memórias de um disse...

FICOU MTO BOM, UMA REFLEXÃO MAIS PROFUNDA E SUTIL...PARABÉNS, TENHO ACOMPANHADO SEUS ESCRITOS E,DENTRE TANTOS TÃO BONITOS, ESCOLHO ESTE PARA SER "RECONHECIDO"...BJS