2.11.09

DIAS DOS MORTOS

O dia dos mortos terminara e sem saber ainda o porquê, segui cegamente para o meu quarto na noite escura de primavera. Não fui à missa nem ao cemitério. Não acendi velas nem fiz uma ou outra oração ao pé da grande cruz, pelos indigentes miseráveis nunca lembrados. Mas qual seria o sentido de lembrar um morto? Estaria ele sendo beneficiado de alguma forma com isso? Um dia a menos no inferno ou um chá das quatro como convidados de honra do “Todo Poderoso”?
Talvez as pessoas realizem todos estes rituais meticulosos apenas porque temem desesperadamente o seu dia final. Qual a vantagem? Por esta e tantas outras dúvidas é que decidi passar este dia ao lado dos vivos e, preferencialmente, vivendo o máximo possível. Perguntei-me se estava certo ou errado. Mas não decidi fazer algo que não me comprazia apenas por medo de ser castigado. Principalmente em se tratando de um castigo tão incerto. Fiz o que tinha certeza que me causaria felicidade e que não prejudicaria os vivos sejam eles grandiosos ou miseráveis alienados pela medíocre religião.

Nenhum comentário: