SOU POETA? Se amar, contemplar o mundo a realidade e até mesmo a utopia é ser poeta... Se chorar e sorrir e sonhar, é ser poeta... Se sentir constantemente uma vontade incontrolável de se debruçar sobre a pena e o papel e cantar em verso e prosa o presente ,o passado e o desejo do futuro, é ser poeta... Se "escrever um poema torna a paixão que me obceca menos perigosa"... Então eu sou Poeta.
30.4.12
Breve diálogo sobre ÉTICA
Breve diálogo sobre a ÉTICA
- Diga-me nobre amigo, de forma breve, em que consiste a ética?
- Caro Nefasto. A ética é a reflexão sobre uma ação específica. Não existe códigos com regras éticas, porque a ética é universal e depende da reflexão sobre cada caso específico. Reflexão essa que permitirá que a pessoa que julga aquela ação possa afirmar se é uma ação justa ou injusta, correta ou incorreta, por fim ética ou antiética.
- Então concordas caro filósofo, que moral é diferente de ética?
- Obviamente que sim, caro Nefasto. A moral é o agir de acordo com o dever pelo dever, a regra em si. Por exemplo: não mentirás, não matarás etc.
- Então é possível mentir ou matar e mesmo assim ser ético?
- Sim. Mas somente a ação em si poderá dizer isso. Não há como afirmar de antemão se aquela mentira foi ética ou não, embora sempre seja imoral mentir, matar, furtar etc..
- Me ajude com o seguinte exemplo: Um homem que é colega de trabalho de outro e difama seu colega diante de terceiros, sem a presença e nem provas daquilo que fala sobre o seu colega, seria ético?
- Veja bem, caro Nefasto, assim como a mentira, a difamação é sempre imoral. Nesse exemplo que você traz, possivelmente também será antiética.
- Por quê?
- Porque, meu caro amigo, se aquilo que o colega fala sobre o outro, difamando-o, for verdade, ele não teria medo de falar diante de terceiros e na presença do outro colega aquilo que este tem de ruim a ponto de merecer a má fama. Com certeza se esses terceiros que ouvem forem inteligentes e conhecerem ambos os colegas da história, farão uma reflexão e o juízo de valor deles será sobre uma análise de ambos os colegas e não apenas sobre aquilo que um falou sobre o outro.
- Obrigado caro filósofo, compreendi a questão e julgarei melhor os homens de hora em diante.
- Lembre-se de Sócrates, meu caro Nefasto, antes de aceitar aquilo que dizem sobre o outro, principalmente na ausência do "outro", se pergunte: é verdade; é bom; é útil o que dizem sobre ele? Se a resposta for negativa significa que não deves dar ouvido para o que estão dizendo.
- Interessante meu amigo, se fizermos essas perguntas sempre que nos falarem mal de alguém passaremos mais tempo em silêncio e com menos preocupações inúteis!
- Exatamente, prezado Nefasto, acredito que aprendestes uma nobre lição.
o q vc diria para uma pessoa com insegurança e angustiada?
Olá anônimo(a). Se a pessoa é insegura possivelmente eu a deixe mais insegura ainda a ponto de ruir em si mesma para que ela possa se reencontrar a partir de si mesma. A insegurança, diferente do medo, é um estado no qual a pessoa está perdida porque não tem certeza dos objetivos da sua vida. O medo é quando você sabe o que quer, mas por precaução exita um pouco antes de agir. O medo é sinal de prudência. A Insegurança é sinal de imprudência porque você está caminhando sobre o desconhecido e não sabe se quer conhecer o caminho. Está perdida, desarmada, "desalmada". A angústia assim como o medo, não são coisas a serem evitadas mas superadas porque são inevitáveis. A insegurança deve ser evitada através de uma profunda reflexão filosófica que te possibilita, como diria Sócrates, a conhecer a si mesmo. "Conhece-te a ti mesmo" e terás segurança para superar todo medo e toda angústia. Então eu diria, depois disso, para uma pessoa insegura e angustiada, citando Castro Alves: "Vejo em ti o borbulhar do gênio. Vejo além um futuro radiante. Avante! Brade o talento em tua alma. E o ECO responda ao longe: AVANTE!
25.4.12
VIDA
Às vezes a vida fica é difícil. Mas não é sempre assim. Às vezes são espinhos sem rosas. Outras vezes são jasmins. Existem dias nos quais o dia se confunde com a noite, de tão sombrio que ele é. Pessoas más confabulam em segredo contra pessoas boas de coragem e fé. Assim parece ser a vida, mas, na verdade, não é assim que a vida é.
Discursos vão e vem entre os pobres mortais. Que diferença existe que torna os selvagens piores ou melhores que os racionais?
A esperança, o medo, a coragem e a saudade são ideais inventados ou são verdades que podem ser contestadas?
Tudo parece tão contraditório. Mas não é sempre assim. Às vezes as coisas parecem ser boas para os outros e as mesmas coisas ruins para mim. Também é verdade que isso não é sempre assim. Às vezes parece o contrário e a vida sempre se torna boa quando chega ao fim. São apenas ideias e ideais que mudam com o tempo e se perdem no vazio dos sentidos e dos significados.
Os pensamentos parecem artes marciais com giros impossíveis. Os duelos são inevitáveis. O melhor artista é o ilusionista que faz parecer ser o que não é. A única realidade, verdade ou não, é que a vida é sempre assim: às vezes é deserta outras vezes é jardim.
24.4.12
PRETENSÃO.
21.4.12
O PRÓXIMO PARTO!!!
O próximo parto.
Há um turbilhão dentro de mim. Uma legião desses seres enigmáticos com os quais luto desde o início de minha consciência. Já haviam me alertado de que o processo de pensar é doloroso. Nietzsche me avisou, num dos nossos secretos encontros bibliográficos, de que é "necessário ter um caos dentro de si para dar à luz a uma estrela." Quão doloroso é o parto das idéias. Elas nascem compulsoriamente, tornando a dor uma constante inseparável. Algumas morrem logo que encontram o mundo perverso onde deveriam sobreviver. Outras são prematuras. Ainda existem aquelas que teimam em não nascer e se mantém no íntimo da alma numa gestação eterna. Pensar, penar e pesar são muito mais que palavras rimadas, são golpes da autoconsciência que açoitam os sentidos, os sonhos o real e o virtual. Pensar é penar além das coisas. Pensar é o pesar que apesar dos pesares se mantém.
Todos os dias quando o mundo salta aos meus olhos inúmeros arquitetos começam a fazer cálculos e a redimensionar minha mente. Ali, nos recônditos do ser, ergue-se uma casinha medíocre, para abrigar os operários. Esses mórbidos e incansáveis víveres que se abrigam a espera do resultado. Mais adiante, num palacete, as poucas idéias que se estabelecem como válidas, triunfam, mas sempre temendo as que virão. Nunca se sabe quando uma idéia pode morrer ou nascer. A imprevisibilidade dos dias e dos pensamentos é um pesado fardo a se carregar.
Às vezes eu decido não ter mais idéia alguma. Logo me encontro nessa contradição, pois deixar de pensar também é fruto de uma idéia. Estou preso. É um caminho sem volta. Bastou o primeiro pensamento e tudo se amontoa sobre esse punhado de massa encefálica. Os ignorantes são felizes porque jamais pensaram. No entanto uma vez apenas que se ouse pensar, jamais se retorna ao estado inicial. A partir de então a solidão e a angústia se fazem companheiras irresolutas. Vez ou outra o turbilhão parece se acalmar e todo o esforço, enfim, aparenta ter sido válido. Contudo, basta uma folha cair da árvore, um mendigo morrer na praça, uma conversa despreocupada que seja e eis que a procriação reinicia. É uma pesada metamorfose que leva meses para dar vida a algo que poderá voar apenas por alguns dias. Decido continuar e me envolvo novamente como a larva solitária.
Pensar é sempre um ato solitário com a remota possibilidade de tornar-se solidário. A solidariedade é a arrogância de se dividir o que se tem com aquele que não tem. O "Outro", objeto da minha solidariedade mesquinha e volátil, pode não ter o que tenho, mas pode sempre ter aquilo que não tenho, inclusive uma idéia contrária, antídoto fatal a minha pretensa sabedoria. O diálogo implica sempre em morte e renascimento. É a lei da natureza que se propaga no espaço do pensamento. Também no mundo das idéias prevalece Darwin e a seleção natural das idéias mais fortes.
Toda a fuga é vã. Esses diabinhos que se amontoam em palavras e que se concretizam nos lábios gerando uma ação são as idéias. Se minha ação é fruto das idéias de outrem, chamo a isso de subordinação e sou feliz, porque a responsabilidade é de quem as gerou. Se agir conforme minhas idéias, chamo a isso de liberdade e carrego com ela toda a responsabilidade do meu pensar e a inevitável dor do próximo parto.
Sidinei Cruz Sobrinho
Passo Fundo 24 de agosto de 2008.